SERRANO

Serrano do Maranhão: Entre Engenhos, Quilombos e Agricultura

A origem de Serrano do Maranhão está ligada ao antigo Engenho União, dedicado à produção de aguardente e açúcar mascavo, de propriedade do senhor Bernardo Vieira. Com a abolição da escravidão, o engenho foi desativado e os trabalhadores negros foram expulsos das terras, espalhando-se pelas matas e beiras do rio Turiaçu, onde passaram a viver da agricultura e fundaram os primeiros povoados.

Entre os pioneiros da transformação do lugar em núcleo comercial está Raimundo Arcângelo Nascimento, comerciante ambulante que trocava produtos industrializados pela produção agrícola local. Sua iniciativa levou à fixação de famílias, ao fortalecimento do comércio e à construção de uma capela dedicada a São Paulo, dando identidade religiosa ao povoado.

Conhecido inicialmente como Serrano Grande, em alusão a um povoado vizinho chamado Serraninho, o lugar floresceu pela produção de gergelim, algodão, arroz, feijão e babaçu, que eram escoados pelo porto fluvial da Barreira, no rio Turiaçu. A prosperidade levou à formação de uma comunidade vibrante, marcada pela agricultura e pela forte religiosidade popular.

Em 1994, Serrano se emancipou de Cururupu e tornou-se município. Hoje, além de sua herança ligada aos engenhos e quilombos, mantém vivas tradições culturais como o tambor de crioula, festejos religiosos e feiras de agricultura familiar, que reforçam sua identidade como um lugar de resistência, fé e acolhimento.

A cozinha serranense é marcada pela simplicidade e pelo frescor dos ingredientes locais. Feiras da agricultura familiar oferecem não só produtos frescos, como mandioca, milho, farinha, mel e frutas da região, mas também pratos típicos preparados por comunidades quilombolas.

O visitante encontra iguarias como peixe assado na brasa, caranguejo, torta de camarão, mingaus de farinha d’água, além de bolos tradicionais de mandioca e tapioca. É uma gastronomia que traduz a vida no campo e no mangue, servida com hospitalidade e tradição.